O desemprego, a injustiça e a indiferença; a mágoa, o fracasso ou a doença. A crueldade, os bolsos vazios e a solidão; a tristeza, a miséria ou a falta de pão. Este cenário dantesco, enumera apenas algumas das situações que podem levar ao desequilíbrio; sendo provável que esta constelação de agruras atire qualquer um para a cama a chorar, mas onde não se consegue dormir nem apetece acordar. Nestes casos, o desânimo faz todo sentido e não deve ser considerado apanágio dos fracos. É pena termos de “passar por elas” para compreender a angustia de quem padece. Pois, quem nunca escutou a musica, verá sempre um louco naquele que passa a vida a dançar! Para alguns, tantas violações à integridade, “é muita areia para a sua camioneta”. Estes, cedem, partem e deixam de lutar! Porém, como explicar a reação daqueles que, apesar de terem mais exigências, não arreiam nem desistem?... Já estamos a perceber que a causa pode não estar na carga, mas na fragilidade do veiculo! Também dificilmente conseguiríamos pôr termo às pressões circundantes. Logo, será mais razoável aumentar a capacidade para combater essas ameaças. Por outras palavras, nunca peça fardos mais leves, torne antes os seus ombros mais fortes!
Ao invés do sucesso, que deixa o individuo emocionalmente inebriado e consequentemente com o seu juízo critico diminuído, lidar com a adversidade permite uma experiência potencialmente mais enriquecedora. Saibamos nós extrair o melhor a partir do pior que ela nos proporciona. As dificuldades ou a derrota, deixam-nos a pensar, aumentando assim o grau de consciência acerca das variáveis em jogo. Obriga-nos a encontrar reservas vitais que não sabíamos possuir. Mas, se as revelamos, é porque as temos! Nesse momento, dá-se a superação pessoal, essencial ao processo continuo de crescimento. Funciona inclusive como vacina para situações análogas e diminuí a sensação de impotência perante novas contrariedades. O que dá imenso jeito, até porque a imprevisibilidade, o caos, e a insegurança se espalham como vírus que espreitam, cada vez mais ferozes, ao virar de cada esquina. Deste modo, parece inequívoco que a fuga ou o evitamento não são aliados de um bom desempenho. Bem pelo contrário, tais atitudes podem precipitar o sujeito num desastre fatal, como aconteceu àquele automobilista, que virou à direita, ao ver um sinal de trânsito que o alertava para a eminência duma curva perigosa à esquerda!?...
A resiliência é um termo proveniente da física que remete para o nível de tensão, elasticidade ou choque que um determinado material poderia sofrer, sem quebrar ou partir. De igual forma, o ser humano têm um limite a partir do qual não é possível aguentar mais, sem entrar em rotura. Assim, a pedra de toque, passa por aumentar esse limiar de tolerância, mas como?... Primeiro, devemos expressar mais emoções positivas. Frequentemente, insuflamos o que de mau nos acontece e desprezamos aquele sorriso que tanta magia tece… Depois, é importante assumir o papel principal na condução da nossa história, sem atribuirmos à vida a simples condição de marioneta, manipulada pela mão da genética, do professor ou até do sistema. Enfim, como diria o poeta “sou dono e senhor do meu destino, sou capitão da minha alma”. Em terceiro lugar, encontram-se as relações. Este networking de afetos é a teia que lançamos contra as agressões e que tudo apanha. Assim do tipo homem-aranha!... De seguida, há que dar significado à passagem que efetuamos pela terra. “Não andamos aqui por ver andar os outros”, temos uma missão e queremos deixar um legado! Por último, é preciso passar à ação, fazer mais e pensar menos! Delinear objetivos claros e encarar os obstáculos como desafios. Encontra um drive, não fujas de alguma coisa, corre para algum lado!
Quem é resiliente, revela competências que lhe permitem recuperar de uma situação de crise e aprender com ela. Estes “heróis” são cognitivamente flexíveis, exibem uma convicção inabalável de que o futuro será melhor e quando caiem ao chão não vêm primeiro o problema, mas a solução; nem deixam os seus sonhos morrer, pois sabem que a esperança é a primeira a viver. Têm seguramente inteligência, mas demonstram um maior quociente de persistência. Concentram-se nas forças que possuem, sem descurar as fraquezas, pois percebem que fazer florescer o melhor é bem mais eficaz do que investir naquilo que os torna pior. Limpam também as toxinas das suas mentes, da mesma forma que lavam a cara e escovam os dentes. Fazem do limão, limonada! Como a ostra que aproveita o grão de areia que invade a sua concha para o transformar numa pérola. Pratiquemos tudo isto e veremos que, quando pensarmos que estamos num beco sem saída , nos vamos lembrar que este é apenas um bom local para dar a volta, tendo presente que a vida nem sempre é colorida, mas pode ser colorível!